18.8.04

 
Há uns tempos, provavelmente inspirado por um qualquer Mia Couto, inventei um verbo que a seu tempo lutarei para que conste do léxico português. Esse novo verbo é ‘Janelar’. Para que não haja dúvidas na sua conjugação resolvi que seria um verbo regular e portanto tão banal como ‘Sentar’, ‘Falar’ e outros que tais. Janelar significa o que actualmente se designa por ‘estar à janela’.
É-me difícil explicar a necessidade quase vital que me leva a passar tanto tempo (pelo menos em relação ao que parece ser normal) à janela. Preciso desse contacto com o exterior. Chego a comer à janela, com o prato poisado no parapeito; sou frequentemente visto a falar ao telefone de madrugada à janela (o que nem sempre é muito agradável para quem está do outro lado, dependendo sobretudo do vento); converso à janela e por vezes da janela (pior para o pescoço de quem fica lá em baixo!).
Janelar faz parte de mim, acompanhou-me sempre. Creio haver pouca gente que conheça a noite deste bairro como eu. Poucos saberão ou compreenderão o quão diferente ele é à noite. Poucos reconhecerão como eu o seu cheiro à noite. As luzes poucas – raras mesmo – que se acendem na madrugada. Cozinhas que se iluminam por escassos segundos, a luz azul e tremida da televisão nos quartos, um ou outro candeeiro acesos, tímidos e envergonhados por quebrar o silêncio escuro.
Pouco me importa se tenho mar ou campo ou betão à frente. Pouco me importa se está calor ou frio ou vento ou chuva. Pouco me importa se estou isolado ou sou mais um na comunidade. Tenho a certeza que esta noite, e na próxima, e nas milhares que tenciono viver, hei-de sempre olhar uma última vez, por uma janela qualquer, para o firmamento e para todo o mundo adormecido, antes de me desconectar por umas horas da sociedade.

 
Falar difícil

A empregada de um amigo meu tem a mania de falar difícil. Contadas por ele, aqui vão algumas pérolas:
Está a preparar o enxoval da filha e assegura a todos, com firmeza, que a sua filha não se casará enquanto não estiver completamente enxovalhada.

Comentário dela, extasiada diante de um ramo de flores que a patroa trouxe para casa:
— Ah, mas que flores mais bonitas! Tão sinceras! Tão disfarçadas!

No outro dia, o gato da casa começou a esfregar-se nas suas pernas, ela espantou-se e disse com um gesto:
— Chiça, gato, infalivelmente! Que gato exterior, meu Deus.

 
Dada a ausência tão prolongada de posts, rapida e facilmente concluí que a malta anda desmoralizada. E também não precisei de pescar muito no mar das hipóteses para perceber que toda a gente tinha falta de uma anedotazinha do Sala. Confessem lá... Estou mesmo em crer que até o São Pedro tem feito esta birra com o tempo (que como devem calcular a mim não me incomoda nada) só para manifestar a tristeza que assola também os céus do País.
Ora em mês de Jogos Olímpicos não se pode faltar ao tema, certo?? Portanto aqui vai uma piadola sobre omeletas (eu ia jurar que se escrevia omelete).
"O Joãozinho foi à mercearia comprar ovos para a mãe.
Quando chegou perguntou-lhe:
- Mãezinha, os ovos que pediu são para fazer omeleta?
- Sim, sim, meu filho.
- Ah! Bom! É que eu já os bati pelo caminho."

E mais não digo por hoje..

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