14.2.06

 
Estranho...

Hoje qd acordei estavas ao meu lado. Foi dos momentos mais bonitos da minha vida. Ver te ali deitada, de olhos fechados a dormir, com uma risca de luz a incidir na tua linda face, passei te a mão pela face como que a percorrer aquela via de luz. Levantei me devagar para nao te acordar daquilo que tu chamas de "sono de beleza". Agora compreendo pq o chamas assim, realmente tu a dormir és a coisa mais bonita do mundo. Sentei me na cadeira do quarto e fiquei a observar te. O lençol caía sobre ti de uma maneira q definia todas as tuas formas. E que formas meu deus, como é que é possível seres tão perfeita, és a oitava maravilha do mundo, se soubesses o poder que tens sobre mim. A tua respiração suave faz me tremer por dentro e por fora, mostra me que estás viva e prova me que eu preciso de ti para viver. Os teus olhos fechados de uma maneira gentil, a expressao da tua cara mostra me que estas feliz, e isso faz me ficar feliz. És o meu anjo da guarda, sem ti fico indefeso e frágil. As vezes penso que nao te mereço, és boa demais para mim, merecias muito melhor do que eu. És tudo o que eu quis e sempre sonhei vir a ter, mas que pensei ser impossivel eu alguma vez realizar. Tu tornaste realidade tudo aquilo que eu sonhei, fizeste me acreditar que o mundo pode ser perfeito. Tua mão está de fora dos lençois como que a pedir q eu agarre nela, tens um toque tao suave, a tua mão cheira a primavera, era capaz de a beijar o resto da minha vida. Quero guardar para sempre este momento, era capaz de fazer parar o mundo só para que tu dormisses sempre ao pé de mim da maneira que dormes neste momento. Tens um dormir descansado, como se não tivesses preocupaçoes nem nada importasse mais do que o sonho que estás a ter...Só espero e desejo que estejas a sonhar comigo... Tu estás e estarás sempre nos meus sonhos, msm acordado é contigo que eu sonho e sempre sonharei. A tua respiração calma, é tao suave que parece que nem respiras, lenta, faz subir e descer os lençois ao ritmo do bater do teu coraçao. Como é que só a dormir me fazes sentir isto, nao consigo explicar, so consigo sentir... Como era bom q este momento nunca acabasse, so eu e tu neste quarto, sem problemas, sem discussoes, so nos dois neste mundo.... Se existe msm um bom momento pra morrer, eu em toda a minha vida escolheria este, pq do teu lado nem msm a morte parece má....Aqui, junto a ti, era msm ai q eu queria estar para sempre....

 

ELOGIO AO AMOR

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.
Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".

O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade,ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.

Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia,são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem,tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides,borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

Amor é amor.
É essa beleza.
É esse perigo.

O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.

Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária.

A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.

Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém.

Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode
ceder.

Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso in Expresso

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