18.6.05

 
Torturas



Ontem, enquanto fazia um rápido zapping, parei por momentos no canal História, pausa essa que durou até ao final de um programa, que decorria na altura, sobre "torturas". Entre barbaridades diversas, houve uma que me chamou a atenção por sequer desconfiar da sua existência. Antigamente muitos prisioneiros dos quais se queria obter alguma preciosa informação, eram submetidos a uma tortura no mínimo bizarra. Segundo o referido programa, eram introduzidas garrafas de Coca-Cola no ânus dos reféns, coagindo-os desta forma a falar. O motivo da utilização destas garrafas era um único: sendo a Coca-Cola a marca mais famosa a nível Mundial, a tortura destas pessoas duraria eternamente, pois sempre que vissem uma destas garrafas voltariam à sua memória os tempos de horror que haviam vivido.

Agora eu penso: Será que esta técnica era eficaz com todos os prisioneiros? Senão basta imaginar o Conde White Castle como um espião capturado pelo inimigo. Será que a tortura do refrigerante o faria dizer algo que não fosse: "Mais fundo, mais..."

E mesmo a ideia de perpetuar a tortura no tempo não me parece que fizesse efeito. Cá para mim, a única coisa que ele lamentaria seria o facto de na altura ainda não haverem as garrafas de litro e meio...

17.6.05

 
Epá.. ainda não são 7 da manhã e não anda ninguém na net.. Não sabem o que perdem. A esta hora é que se vem bem para aqui. A malta vem pela fresquinha, e não apanha trânsito nem nada.

 
Poema Ideal

Poema
ideal
é o
que
de cima para baixo e
de baixo para cima
quer dizer o mesmo
como este que
quer dizer o mesmo
de baixo para cima
de cima para baixo e
que
é o
ideal
poema

L.F. Verissimo

14.6.05

 
Dá que pensar...

Quando penso que já vi e ouvi de tudo neste Mundo, há sempre alguém disposto a surpreender-me... Desta vez, quem me surpreedeu foi a ministra da saúde da África do Sul, ao sugerir que “alho, limão, azeite e batatas africanas” seriam melhor opção do que os medicamentos existentes no combate contra a Sida.

13.6.05

 
Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

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